Com que idade a criança começa a falar? - Clínica Mon Petit
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Com que idade a criança começa a falar?

Com que idade a criança começa a falar?

O nosso “Papo com Especialista” traz a estreia da @dramarianaloch, médica otorrinolaringologista com área de atuação em Foniatria. O assunto que ela nos traz é muito importante e sempre motivo de muitas dúvidas por parte dos pais: crianças e a fala. Confira a entrevista que ela nos deu sobre o assunto, pois está imperdível!

MP – QUAL É A IDADE ESPERADA PARA QUE A CRIANÇA COMECE A FALAR?

DRA. MARIANA – O processo de desenvolvimento de fala e linguagem está relacionado com uma infinidade de eventos, desde o nascimento ao contato da criança com outros pares. É um processo muito dinâmico e dependente de estímulos e interações sociais, pois as crianças aprendem muito por se assemelhar e se espelhar no outro. De uma forma geral, espera-se que as primeiras palavrinhas surjam até ao redor dos 12-15 meses de idade, mas variações podem ocorrer. As primeiras palavras costumam ser as mais habituais e frequentemente ouvidas pela criança, como “papá” ou “mamá”.

MP – QUANDO É CONSIDERADO ATRASO NA FALA, OU SEJA, QUANDO DEVO PROCURAR UM ESPECIALISTA?

DRA. MARIANA – O principal a se ter em mente não é apenas o atraso de fala, mas de que forma a criança demonstra uma intenção comunicativa. O que torna os humanos mais evoluídos, dentro de toda a nossa história, é a capacidade de produzirmos a fala como uma intenção de se relacionar com o próximo. Se os pais, cuidadores ou mesmo professores percebem que a criança já passou da faixa etária acima mencionada, fala pouco ou não fala nada em comparação às crianças da mesma idade, ou também não demonstra intenção de se comunicar, parece não responder o que lhe é dirigido ou mantém isolamento social, é importante uma avaliação profissional.

MP – QUAIS AS PRINCIPAIS CAUSAS PARA O ATRASO NO DESENVOLVIMENTO DA FALA? O ATRASO NA FALA PODE ESTAR INDICANDO ALGUM OUTRO PROBLEMA, COMO AUTISMO?

DRA. MARIANA – Existem diversas causas para o atraso de fala. Vou explicar brevemente algumas:
▶️ PERDA AUDITIVA NA INF NCIA – quando notamos que a criança parece não ouvir aos pedidos ou ao chamado;

OTITES DE REPETIÇÃO / OTITE MÉDIA SEROSA – infecções de ouvido de repetição podem repercutir na qualidade auditiva da criança, causando uma oscilação auditiva (como a sensação de “ouvidos tampados”), prejudicando o entendimento da informação;
▶️ ATRASO DA AQUISIÇÃO DE FALA E LINGUAGEM – são crianças que demonstram ter uma compreensão adequada, interagem, olham, brincam, sorriem, mas falam pouco, quando comparadas às outras crianças da mesma idade. Em geral, este tipo de atraso está relacionado à falta de estímulos adequados;
▶️ TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM – quando a criança, mesmo em condições ideais, diante de todos os estímulos e terapias, apresenta uma falha no processo do desenvolvimento de fala e linguagem;
▶️ APRAXIA DE FALA – transtorno relacionado à dificuldade motora para a programação dos movimentos que envolvem o processo de executar a fala, podendo ter dificuldades também para mastigar, sucção ou engolir;
▶️ TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA): transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, afetando habilidades sociais, o desempenho acadêmico e os relacionamentos. Ocorre um déficit na interação e comunicação social e padrões restritos de comportamento, interesses ou atividades. Atualmente recebe o nome de “Espectro” porque envolve apresentações muito diferentes umas das outras, e de características variáveis. Nem todas as crianças dentro do espectro tem obrigatoriamente atraso de fala, mas de alguma forma podem ter comprometimento da comunicação e podem ter dificuldades de compreender o sentido, jargões ou expressões coloquiais, por exemplo.

MP – QUAL TRATAMENTO INDICADO APÓS CONFIRMADO O DIAGNÓSTICO?

DRA. MARIANA – O tratamento indicado varia conforme a necessidade da criança, diante de uma suspeita clínica. É necessário direcionar uma terapêutica e uma intervenção adequadas para cada caso. O principal, independente do indicado, é que os profissionais que a acompanhem mantenham contato entre si, pois diante de uma esfera de atendimento multidisciplinar cada um poderá agregar para que a criança possa ser estimulada da melhor forma. Além disso, o suporte familiar é imprescindível para planejar de que formas a criança poderá ser estimulada.

MP – QUAIS DICAS VOCÊ PODE DAR AOS PAIS PARA PERCEBEREM QUE A FALA NÃO ESTÁ EVOLUINDO COMO DEVERIA?

DRA. MARIANA – Uma forma de estimular a fala e a linguagem na infância é por meio de atividades lúdicas. Todas as brincadeiras de encaixe, com peças coloridas, brinquedos de tamanhos e cores diferentes, atividades com sons, e principalmente que se assemelhem às atividades cotidianas, auxiliam no estímulo do desenvolvimento de fala. Brincar de casinha ou comidinhas, músicas que reproduzam sons de animais, e atividades que mesclem os sons com movimentos são ótimas opções de brincadeiras que ensinam e estimulam a interação social. Brinquem, estejam junto à criança, leiam livros, contem historinhas! Toda e qualquer experiência pode ser transformada em um aprendizado para a criança. Aproveite cada oportunidade nova, explique situações do cotidiano, e converse. Todas essas atividades vão favorecer ainda mais essa conexão familiar, é tão importante para o processo do desenvolvimento infantil.

Se por ventura qualquer um dos sinais já mencionados estejam presentes, como uma falta de intenção de comunicação, um atraso de fala em comparação às outras crianças, ou mesmo alterações relacionadas ao comportamento, não hesite em procurar um auxílio profissional.