Obesidade e sobrepeso infantil - Clínica Mon Petit
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Obesidade e sobrepeso infantil

Obesidade e sobrepeso infantil

A globalização e a enorme velocidade da informação padronizam modos de vida, com mudanças semelhantes em todo o mundo, mostrando um padrão alimentar inadequado associado a inatividade física cada vez maior. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, passa por um período de transição epidemiológica, caracterizada por uma mudança no perfil dos problemas relacionados à saúde pública, predominando as doenças crônico-degenerativas, embora as doenças transmissíveis ainda desempenhem papel importante. Esta transição vem acompanhada de modificações demográficas e nutricionais, com a desnutrição sendo reduzida a índices cada vez menores e a obesidade atingindo proporções epidêmicas.

No relatório da organização Mundial da Saúde (OMS, 2017) traz a preocupante informação que 1,9 bilhões de adultos no mundo estão obesos e mais de 340 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 19 anos de idade, tem sobrepeso ou obesidade. Segundo dados da OMS, a prevalência de obesidade no mundo praticamente triplicou desde 1975.

Segundo a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a incidência de sobrepeso/obesidade em crianças de 5 a 10 anos é de 40% na Região Sudeste do Brasil. De acordo com o IBGE (2011), a prevalência de sobrepeso e obesidade entre crianças brasileiras de 5 a 9 anos de idade é de 36,6% e 16,6%, respectivamente. Dados recentes de 2013 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) demonstram maior prevalência de excesso de peso entre crianças menores de cinco anos do sexo masculino (15,9%) em relação ao feminino (14,5%).

A obesidade, iniciada na infância ou na adolescência, pode persistir na fase adulta e levar à diminuição da qualidade e da expectativa de vida devido ao desenvolvimento de morbidades associadas ao excesso de peso, como as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus tipo 2, entre outras.

O aumento da prevalência de obesidade nas últimas décadas, a gravidade das suas repercussões, as dificuldades para o seu controle e o alto custo para a sociedade fazem desse distúrbio nutricional relevante problema de saúde pública, que precisa ser combatido desde idades bem precoces./p>

A prevenção da obesidade já deve ser iniciada durante o período intrauterino, com a adequada nutrição da gestante. Há evidências científicas mostrando que a quantidade e a qualidade dos nutrientes recebidos pelo feto influenciam o seu desenvolvimento e o aparecimento futuro de doenças não transmissíveis, como obesidade, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares. Da mesma forma, fatores nutricionais no primeiro ano de vida podem modular o risco para essas doenças.

O leite materno, exclusivo até os 6 meses de vida e complementado a partir dessa idade, é o alimento ideal para suprir as necessidades nutricionais do lactente e proporcionar crescimento e desenvolvimento adequados. Além disso, ele também funciona como proteção contra a obesidade devido a sua apropriada composição nutricional e por conter substâncias que participam do equilíbrio energético.

O pediatra tem papel fundamental na detecção de inadequações do desenvolvimento pôndero-estatural, desde os primeiros meses de vida. Assim, quando for verificado aumento excessivo de peso em relação à estatura, a orientação nutricional é fundamental para evitar o desenvolvimento da obesidade, porque, uma vez instalada, é muito difícil a reversão.

Importantes medidas de prevenção da obesidade como a promoção do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e complementado a partir dessa idade e a indicação de fórmulas infantis com teores reduzidos de proteínas, na impossibilidade do aleitamento materno, assim como a orientação sobre a alimentação complementar adequada. Distúrbios da relação mãe-filho e da dinâmica familiar são fatores que precisam ser observados, pois podem contribuir para a instalação e a manutenção da obesidade na infância. O estímulo à prática de exercícios físicos, de acordo com a idade, e a restrição de atividades sedentárias também devem ser realizados, para que a criança adquira estilo de vida mais ativo e saudável.

 

Referências:

-WHO 2017- Fact sheet- Updated October 2017. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/.
-Ministério da Saúde -VIGITEL- PORTAL BRASIL – 17-04-2017.
-Pesquisa nacional de saúde: 2013: ciclos de vida: Brasil e grandes regiões / IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. – Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
-Singh AS, Mulder C, Twisk JWR, van Mechelen W, Chinapaw MJM. Tracking of childhood overweight into adulthood: a systematic review of the literature. Obesity Reviews 2008;9:474-88.
-Obesidade na infância e adolescência – Manual de Orientação / Sociedade Brasileira de
-Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. 2ª. Ed. – São Paulo: SBP. 2012.
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-Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia – 2a ed. – São Paulo: SBP, 2008. 120p.
-Sociedade Brasileira de Pediatria. Obesidade na infância e adolescência: Manual de Orientação. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. São Paulo: SBP, 2008.116p.

 

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